Insatisfação. Ver carros na rua, fumo na estrada, pessoas no Mundo… Insatisfação. Vê-se o tempo passar… como flechas! Flechas ao vento, que passam… rapidamente. E deparamo-nos com cinquenta anos e uma vida de insatisfação. Deparamo-nos com uma pele enrugada, uns ossos pouco fortes, e as pernas deformadas. E os tempos já não são o que são. Já não se ouve como se ouvia. Já não se vê como se via. Já não se vive como se vivia. Já não se sente, como agora se sente. E já não se partilha, nem existe alegria. Existem alguns sorrisos, e algumas pessoas consideram-se estupidamente felizes. Mas como? Não percebo. Como se consegue viver, no meio de casas desabitadas, de lugares poluídos e uma socialidade tão diferente. Nem há respeito. Já não faz mais sentido. Já não tenho idade. Resta-me agora continuar a escrever estas páginas, criar um conto sem fim. Até o dia chegar. Ele há-de vir. Vem depressa, não te atrases. Corre. Leva-me. Leva-me agora! Deixa-me ser feliz. Só hoje.
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