E eu não consigo acreditar no que fomos. No que fomos no infinito anteontem. Fomos tão diferentes, tão ilimitados, tão sonhadores. Tão inexplicavelmente ligados, tão fortes, tão perfeitos. Fomos o que hoje consideramos impossível, mas ainda anteontem considerámos real. Fomos inesqueciveis, fomos heróis, fomos tudo, tudo de bom, anteontem. E agora olhamos para nós. Que nos aconteceu? Quem nos transformou no que somos agora? Nós. Nós tornámo-nos fracos, futéis, inúteis. Tornámo-nos o contrário de anteontem. Agora somos apenas frágeis figuras pintadas a carvão, com linhas tremidas, e cores misturadas. Já não preenchemos o desenho. Encontra-se uma imagem vaga. Anteontem era bonita, fantástica. Anteontem éramos bonitos, fantásticos. Anteontem, anteontem. Tenho saudades. Bastantes saudades do memorável anteontem.
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