Sentia-me sozinha, desprotegida naquele espaço. Era como se faltasse algo, faltasse alguém. Eu sabia quem faltava, sempre soube. Mas havia algo em mim que não me deixava dizê-lo, mas repetia-se monotonamente na minha cabeça. Fui vivendo os dias, enganando-me a mim mesma, imaginando-me bem quando realmente, não estava. Estava tudo mal, tudo ao contrário. Na minha mente só o som dos vossos risos, da vossa voz, aquela voz que não esquecia, é que permaneciam. Vivia numa solidão notável. Esforçava-me por mostrar um sorriso, por entregar-me. Sempre me esforçei para encontrar mais em mim. Queria mais de mim, não queria só a rapariga triste sem amigos. Queria alguém para desabafar, alguém que me amasse, incondicionalmente. Precisava de alguém assim há imenso, estava á espera. Esperei de mais. Demorou. Eu continuava perdida, sem oportunidades de encontrar o meu caminho. Segui as pegadas, procurei pistas, permaneci sempre á procura. Nada encontrava, e a esperança começou a desaparecer. Todos os dias de manhã, era dificil, levantar-me, vestir-me, viver com aquilo dentro de mim. Aquele sentimento de raiva dentro de mim, continuava presistentemente a incomodar-me. Aguentei mais uns dias, semanas, meses. Os segundos pareciam horas, os dias eram semanas e cada vez que um mês passava pareciam ter sido anos. Não encontrava respostas, para encontrar-me a mim mesma. Encontrava dúvidas, interrogações e perguntas a invagar. Não dormia, adormecia a pensar em como o dia seguinte iria ser pior. Sempre pior. Era sempre pior, sempre mais terrível, mais assustador. E eu não via saída para isto. Simplesmente, desisti de procurar por ela, desisti de tudo. De amar, de lutar, de compreender. Aprendi a desistir. A desistir de mim mesma. Entreguei-me á escuridão próxima, entreguei-me ao ódio. Vagueava pelas ruas de uma maneira fria, eu tornei-me numa pessoa fria. Sem sentimentos, sem sonhos, sem ambições. Tornei-me em alguém triste, a quem ninguém se aproximava. Perdi as minhas oportunidades, perdi tudo o que quis, perdi o que sonhei ter, perdi-te, meu amor.
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